quarta-feira, 15 de outubro de 2008

UMA PREMONIÇÃO EVIDENTE

Quando toca a entrar em detalhes sobre arquitectura, reconheço que sou um autêntico asno. Consigo apenas observar algo esteticamente interessante ou não, funcional ou nem por isso.
O Edifício da Vimágua, no Parque das Hortas, não constitui a excepção que confirma a regra. O edifício até nem é feio, pelo menos o que dele conheço, ou seja, a sua parte exterior, mas nunca me passou despercebido um determinado detalhe: aquela pequena fonte que se estende ao longo da parte lateral do edifício. Em linguagem mais simplista, esse pequeno adereço consiste num buraco relativamente fundo, junto ao vidro na parte lateral do prédio e próximo da entrada, que tem uns repuxos a "cuspir" água para cima. Fácil se torna de entender, pois, que derivado à sua proximidade com a porta de entrada, essa pequena fonte poderia tornar-se num adereço bastante perigoso. Pelo menos aos mais distraídos ou que saíssem do edifício incrédulos a olhar para a conta da água... Nunca augurei muito de positivo àquela fonte, portanto.
Este prognóstico passaria a facto concreto efectivamente ocorrido num ápice: aquando a queda, vergonhosa e triunfal, da primeira "vítima" dentro dos referidos repuxos. A esta seguiu-se uma segunda vítima. Foi, claro está, completamente infrutífera a minha tentativa de suster aquele riso descontrolado que sempre surge nestas ocasiões. Tentar mantê-lo (ao riso) naquela zona da garganta e ostentar aquela cara a começar a avermelhar, como se estivesse prestes a explodir. De referir, neste capítulo, que as duas vítimas eram individualidades completamente distintas:
- a primeira, era mulher, nos seus médios 30, com um ar absolutamente agreste, grunho e arruaceiro, decorado com umas calças de ganga notoriamente cortadas pelo joelho com uma "corta e cose" e com umas tatuagens desde o gémeo ao tornozelo consistentes numa espécie de figuras de mitologia oriental com dragões. No momento daquele "chapinhar" inesperado e estrondoso, além de evidente a factura da água numa das suas mãos, do seu intelecto foi colossalmente audível um "Foda-se!!!", daqueles ditos com sentimento e pinceladas de algum amor, "foda-se" este já aflorado no post "Garraiadas" deste blog.

- a segunda vítima, era um homem, nos seus médios 40, aparência mais clássica com calças de fazenda, sapato clássico e camisa. Bem parecido até. Aquando o seu "mergulho" para o estado de vexame, além de perceptível a factura da água numa das suas mãos, ouviu-se-lhe um "Ahhh!!!", uma interjeição de espanto e perplexidade que não apagou a "marca de água" nas suas calças desde os joelhos até aos pés, nem aquele som de "Tchec, tchec" que acompanhava os passos que ia dando até bem longe dali.

Posto isto, foi incontrolável ter-me desmanchado a rir. Na entrada do escritório, não consegui suster. Nem eu, nem nenhum dos que assistiram do "anfiteatro" ao lado de onde me encontrava, vulgo, uma esplanada de uma padaria repleta de clientela. Entendo que faz falta ali qualquer coisa que previna futuras "derrapagens", algum tipo de protecção. Aquilo até está bonitinho, sim senhor, mas já se previa perigoso...

Moral da estória, este seria o modo como descreveria a situação de crise financeira actual: pegamos num pequeno "adereço" como seja o crédito à habitação; durante largos tempos de concessão desenfreada, foi "bonitinho" sim senhor; mas previa-se perigoso... A isto, uns reagem com um "foda-se!!!", outros com um "ahhh!", mas urge colocar uma barreira que previna futuras derrapagens, algum tipo de protecção. A comparação sofre apenas uma nuance: eu não acho grande piada a isto e aposto que o restante "anfiteatro" também não... Pois quanto ao mais, as semelhanças são assustadoramente incríveis.


1 comentário:

Anónimo disse...

Para ti duas palavras: AHHHHH FODA-SE!!!

Muito bom...