quinta-feira, 27 de novembro de 2008

NICOLINAS


O Pinheiro aproxima-se a uma velocidade estonteante. Enquanto escrevo estas palavras absorvo o rufar das caixas e dos bombos que se ouve ao longe, nos últimos dias de afinação dos instrumentos para que tudo esteja "o.k." no Dia D, 29/11. Sou ainda mais fã das Nicolinas do que da Geração Spectrum, ainda que aquelas só tenham lugar uma vez no ano e em data certa. Todavia, empolgo-me ao saber que está a chegar o dia de histórias memoráveis em que até os próprios protagonistas... se esquecem! Sim, não é fácil, nem estará ao alcance de qualquer mente brilhante, recordar-se da noite de 29 de Novembro, em Guimarães. Mas porque toquei acidentalmente neste assunto, há um episódio que poucos se esquecerão. É a excepção portanto, essa, que vem sempre confirmar a regra...

Isto posto, há 2 anos atrás, no meio do cortejo do Pinheiro, encontrei o meu amigo João Miguel no Largo do Toural mesmo em frente à Cervejaria Martins. Nesta data, o meu amigo João Miguel já estava emigrado em terras de Sua Majestade, Queen Elizabeth. Rejubilei com a sua aparição como seria de esperar. Primeiro porque é meu amigo e não o via há bastante tempo. Segundo porque pude constatar que ele tinha sobrevivido em terras onde se come peixe com batatas fritas, apesar de ele estar alguns 10 quilos mais seco. Por último, but not the least, porque o meu amigo João Miguel, sendo emigrante e vimaranense, não optou por visitar a sua terra mãe nas Festas Gualterianas, ao contrário do que o protótipo da espécie em causa faria prever. João Miguel, homem de bom tom, escolheu o Pinheiro. Nós, A Páginas Tantas, dizemos: "escolheste bem!".

Mas se a sua escolha não sofre qualquer tipo de contestação, a sua atitude quando me reencontrou requer outro tipo de análise. Como se disse, João Miguel encontrava-se emigrado em terras de Sua Majestade, Queen Elizabeth. E no dia 29 de Novembro de 2006, João Miguel encontrava-se, não emigrado, mas embriagado nas terras de Sua Majestade, D. Afonso I. Bastante embriagado. Podre de bêbado vá lá... Quando me viu, João Miguel soltou nada mais nada menos do que isto: "Rigga (Entoação que deu à minha alcunha - Rica - possuído por sensivelmente 13% de teor alcoolico)!!! Meu amigo, como tás?! Que queres que eu dou-te? Queres camarão? Eu dou-te camarão!!! Vou ali dentro (cervejaria Martins) e trago-te finos e camarão!!!". Estou convencido de que, naquele momento, conseguiria obter do meu amigo João Miguel tudo o que quisesse. Se lhe dissesse que queria o Palácio da Pena só para mim, estou em crer que o meu amigo João Miguel se metia no carro e me conduziria até ao cartório notarial de Sintra para celebrar a respectiva escritura pública. Ainda assim, porque não queria arruinar a vida de sucesso do meu amigo na Velha Albion e porque nem tão pouco tive hipótese de lhe pedir o que quer que fosse, não o impedi de se dirigir para o interior da cervejaria Martins com a ideia fixa de me inundar de cerveja e camarão. Só rezava para que o camarão viesse já descascado...

Contudo, os seus intentos foram literalmente barrados por 2 seguranças que estavam destacados para manter a ordem na entrada da cervejaria. Para seu azar, no momento em que João Miguel se apresentava a atravessar a porta, viu-se no meio de um "sururu" que entretanto ali se gerou. Resultado, crente de que o João Miguel era parte integrante daquele desaguisado, um dos seguranças "ofereceu" ao João Miguel aquele ESTALO SECO, DE MÃO ABERTA, VERGONHOSO E MONUMENTAL, que o fez recuar do interior da cervejaria. Digamos que o João Miguel fez ricochete portanto...

Consequentemente, o João Miguel ausentou-se da minha beira e regressou numa fracção de escassos segundos. Reapareceu SORRIDENTE (!!!) e disse: "Hey, acabei de levar um estaladão! (risos, risos, risos e risos, e por aí além)". Os finos e o camarão? Esses nem vê-los...

Concluindo, numa parceria inédita com o Centro de Sondagens da Universidade Católica, o A Páginas Tantas lançou o inquérito apresentado na parte superior direita deste blog, questionando os interessados a responder se o João Miguel irá comer novamente um estaladão dos seguranças da cervejaria Martins. É oferecida uma vasta gama de respostas capazes de abarcar a quase totalidade das situações que poderão ocorrer. A identidade dos inquiridos não será revelada. Por fim, este blog entende que votar é um direito, bem como um dever cívico. Pelo que se apela ao leitor que vote, que se abstenha de ser abstenção.

Vamos a votos!

REPOSIÇÃO

Tal como houvera prometido, está reposta a imagem de perfil mais fidedigna do espírito com que vão ser encarados os próximos tempos. Apenas e só com mais casacos, sem falsos "Ray Ban" espelhados e com um céu mais cinzento...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

NOVA IMAGEM

Decidi alterar o figurino do meu perfil no blog. Optei pela apresentação de uma imagem de perfil com maior seriedade. Fi-lo porque entendo que os tempos de "circo" já chegaram ao fim. De hoje em diante, tornei-me num ser muito mais sério, competente, profissional e dedicado. Salvo a honrosa excepção dos anos do Gu no próximo Sábado, que será para partir tudo... E do Pinheiro no Sábado seguinte... E do jantar de Natal do pessoal... E do jantar de Natal do escritório... E dos anos da Carol... E do Natal... E da passagem de ano...
Bem, talvez seja melhor dar já o dito pelo não dito e afirmar que, afinal, continuarei a ser o mesmo bandalho do costume... Deixo ficar este post apenas para fazer render a nova foto de perfil. Com uma agenda destas, como será que se alcança a seriedade?
Para a semana, reponho a foto que estava. É melhor assim...

terça-feira, 18 de novembro de 2008


Que agradável teimosia de isto ser sempre... fixe!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

REFLEXÃO


A par das incontornáveis questões da filosofia clássica, tais como "quem somos?", "de onde vimos?", ou "para onde vamos?", talvez tenhamos que colocar no mesmo patamar esta outra:
UM CLUBE DE FUTEBOL, PREVIAMENTE À PROSSECUÇÃO DA VITÓRIA COMO OBJECTIVO PRIMORDIAL, NÃO DEVERÁ PREOCUPAR-SE EM JOGAR FUTEBOL? CASO CONTRÁRIO, QUAL O VERDADEIRO CONCEITO DE "CLUBE DE FUTEBOL"?
Coloquei esta questão a mim mesmo, por volta das 20:15 do último Sábado, e achei que devia partilhar convosco...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

REACÇÕES


Em resposta ao post anterior, Paulo Sampaio parece indicar:
"ORA AÍ ESTÁ UMA GRANDE QUESTÃO!"

PERGUNTA




ESTARIA JÁ ARISTÓTELES, HÁ ÉPOCA, A PENSAR IGUALMENTE EM NACIONALIZAR O BPN?

NARRETINAS


Aumentei a minha lista de espaços na secção "O que eu leio ou participo" com este novo endereço do blogger, uma vez que está em causa o novíssimo blog do Ildo, o qual a blogosfera acolhe com passadeira vermelha, smoking e fogo de artifício, confiante em posts de inegável valor literário e opinião conscienciosa. Bem melhores perspectivas quando comparado com o blog do Henri Antchouet... Junto assim numa só voz (que é a minha) a expressão comum de contentamento de bloguistas e "comentadores de bancada", sedentos de escrita exímia, desejando enormes sucessos a este novo "rebento".
Vamos a isso!
Chegou o tempo de partir a loiça...
Aquele abraço

sábado, 8 de novembro de 2008


Há cerca de 20 anos, foi mais ou menos assim:

Naquela rua antiga, a luz de uma manhã solarenga de Verão de S. Martinho realçava a lixeira e desordem que provinham das obras do edifício em construção. Contudo, a areia espalhada pelo passeio, as redes de aço enroladas na berma da estrada e os longos blocos de betão empilhados não iriam beliscar a aparição daquele indivíduo com o cabelo à Bucketheads e dos seus sapatos à Júlio Iglesias. Vinha lá de longe, a pé, o guardião Neno, em direcção ao Complexo Desportivo. Não vinha a cantar. Ainda não se lhe conhecia tamanho dom encantatório. Mas ostentava aquele sorriso um pouco parvo que, aqui sim, já lhe era característico.
Foi possível ver aquele miúdo abeirar-se do guardião Neno. Era visível na mão dele (miúdo) a caderneta dos cromos de futebol da época em curso, além da camisola do Liverpool que trazia vestido. Era a do Ian Rush, se bem que o miúdo, que não teria mais de 9 anos, não apresentava um bigode condizente com o do temível dianteiro galês. Ainda assim, aquele rapaz franzino escusou-se em bater inapelavelmente o guardião cabo-verdiano com um remate seco, rasteiro e colocado, mesmo sabendo que este se encontrava fora dos postes, logo, no local onde ele era francamente mau. Ao invés, o miúdo remataria da seguinte forma:


- “Ó Neno, importa-se de me autografar a minha caderneta?”


Desconhece-se se o cromo do Neno já figuraria naquela específica caderneta. Mas o valor sentimental daquela caderneta e daquele iminente autógrafo era inquestionável no processo de formação daquele específico miúdo. Reconhece-se facilmente a ampla densidade emocional daquela rúbrica, nem que fosse junto do cromo do Eskilsson ou do talentoso Jorge Plácido. E Neno, sempre melodiosamente, “defenderia” da seguinte forma:

- “Não dá. Não tenho caneta… Eu sou da Cidade Velha, de Cabo Verde, de Cabo Verde.”

Foi um balde igual ao das obras do edifício em construção e cheio de água fria. Para alguém de, no máximo, 9 anos de idade uma caneta representa invariavelmente as aulinhas na escola primária. Não era pois de esperar que o miúdo, devoto do Liverpool e do Ian Rush, decorasse a lapela da sua camisola dos “reds” com esse dito objecto. Desanimado e cabisbaixo, o miúdo “insistiu com novo cruzamento”:

- “Deixe lá Sr. Neno, da ilha de Santiago, de Cabo Verde, de Cabo Verde. Vou para casa jogar o Emilio Butragueño no meu Spectrum e não penso mais nisso.”

Inteligentemente respondeu, assim, aquele miúdo. Porque, sapientemente, aquele miúdo de talvez 8 anos de idade, devoto do Liverpool e do Ian Rush e sem um bigode condizente com o deste, sabia que iria dar lugar a um miúdo, não de 8 mas de quase 28, que continuaria devoto do Liverpool e do Ian Rush e talvez agora capaz de ostentar um bigode condizente com o deste. E na mão deste “novo” miúdo continua visível a caderneta dos cromos de futebol da época em curso, agora sem que aí figure o guardião Neno, quer na caderneta quer entre os postes, onde ele até era bom…

Posto isto, a presente rábula oferece dois pequenos esclarecimentos:
1- Aquele miúdo devoto do Liverpool e do Ian Rush, sem um bigode condizente com o deste, era eu.

2- Estou a coleccionar os cromos de futebol e já tenho repetidos. Aceito trocar, desde que não seja por autógrafos do ex-guardião Neno.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O blog referido no pretérito post era do Duarte. Sucede que este acobardou-se e "mandou" o blog para o esquecimento, apagando-o. Soltou assim a derradeira ideia...
Adorei os posts deste blog... Ideias demasiado soltas até. Escreve posts meu!

YES, WE CAN!



No dia 27 de Maio do longínquo ano de 1987, via entrar em campo as equipas do Dinamo de Kiev e do Futebol Clube do Porto, a contar para a segunda mão da meia-final da Taça dos Campeões Europeus dessa época. Num Estádio Central em Kiev, de bancadas repletas de fardas e militares bolcheviques, a frieza geométrica de Valeri Lobanovsky, o "velho lobo", enfrentava o romantismo de bigode aparadinho de Artur Jorge, o "poeta", tendo em vista a presença na mítica Final de Viena. A equipa deste último, que contava nas suas fileiras com artífices como Gomes "Bibota", o inesquecível Paulo "2/3 piques" Futre, Lima Pereira ou André das Caxinas, abria o activo por Celso, de livre directo, logo no início da partida. Gomes elevaria a contenda para o 0-2, na sequência de um canto, ainda antes do minuto 10. Mikhailichenko ainda reduziria por banda dos ucranianos até que comecei a sentir a visão reduzida. Não, tal não ocorreu pelo eventual nevoeiro que se fez sentir. Simplesmente comecei a fechar os olhos porque estava a adormecer. E não se pense que adormeci em pleno Estádio Central em Kiev. Na verdade, eu nunca estive em Kiev, apenas observava o desafio no "Mundo Desportivo" da RTP Memória quando me refastelei no sofá, sensivelmente pela uma da manhã... Contudo, o resultado não viria a sofrer alterações. Juntando ao também 2-1 da primeira mão nas Antas, obra de Paulo Futre e André nos golos portistas, o FCP marcaria presença em Viena para a Final a disputar contra os bávaros de Munique. E o resto da história, já dela muito se conhece. "Yes, we can!", assim se entoou no relvado ucraniano, com sotaque do Montijo e das Caxinas (Cacsinaz, em inglês).

Duas horas depois (3:30 a.m.) veio o despertar e as projecções apontavam a vitória de Barack Obama, juntamente com as dores no pescoço e na região lombar advindas daquele adormecer no sofá. Meia-hora foi o tempo que mediou entre as meras projecções e a certeza do resultado. Barack Obama era eleito o 44º Presidente dos Estados Unidos da América, às 4 da manhã em Portugal Continental. O desfecho indicou uma vitória esmagadora na composição do Colégio Eleitoral. O "resgate" de Estados tradicionalmente republicanos constitui uma vitória política assinalável. Assim, também eu me alio às mensagens de regozijo da generalidade dos líderes mundias e digo que o povo americano, finalmente, acertou. É um marco da História contemporânea, a que assisti ao vivo, impulsionador do diálogo e do consenso no cenário internacional. Uma lufada de ar fresco, portanto, a combater flagelos de crise e de conflitos. Do discurso da vitória ficaria na retina um "Yes, we can!". Justifica-se. Foram dados novos mundos ao Mundo na madrugada de quarta-feira.

Concluindo, impera a máxima "Yes, we can!". Vou-me juntar ao momento e fazer jus a isso. Assim sendo, vou escolher novo tema e encarar com confiança os próximos desafios porque "Yes, i can"!

Vamos a isso.


Texto em homenagem ao Catedrático, o Professor Doutor ALESSANDRO DEL PIERO, a quem nós, A Páginas Tantas, também aplaudimos e de pé

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

DESAIRES


Passaram dois dias e em pouco ou nada a consegui calar. É este o sentimento que impera e que estará para ficar, pelo menos durante algum tempo mais. A realidade, nua e crua, é que o objectivo a que me propus no passado dia 31 de Outubro foi redondamente frustrado. Foi um soco no estomago demasiado violento que tardará em sarar as devidas feridas. Porque, sem querer escusar o sucedido, ainda sinto aquele cheiro incomodativo de injustiça que ficou a pairar... Não esperava (e não esperava legitimamente...) encontrar algo que se desviasse daquilo que está regulamentado, daquilo que até então havia sido, daquilo que deveria continuar a ter sido. Constatei, pelo contrário, que houve 2 pesos e duas medidas no dia em que desesperadamente ansiei que chegasse em quase 4 anos. E ainda mais revoltante e frustrante se apresenta o cenário quando está inviabilizada qualquer hipótese de reacção, de combate, de reposição da justiça dos acontecimentos. Não afirmo, porque não o posso fazer, que se houvesse normalidade em todos os procedimentos teria sido inevitavelmente bem sucedido. Seria ir longe demais. Contudo, porque não houve essa normalidade, porque se desobedeceu ao regulamentado, porque não se entendeu a essência e o propósito daquele momento, não tive sequer o "privilégio" de saber se seria ou não bem sucedido caso tudo tivesse corrido de maneira diferente, ou seja, segundo os parâmetros normais do momento. E esta é uma revolta muito difícil de calar. É um sapo muito gordo para ser engolido. Mas não resta outra hipótese a não ser fazer o próximo pagar a factura... Desde que, desta vez, tudo corra dentro da mais que justa normalidade...
Desculpem-me a "codificação" da linguagem, mas quem está por dentro do assunto compreenderá por certo o que quero expressar.