terça-feira, 16 de setembro de 2008

SONHOS E MIRAGENS


Em tempos assim não tão longínquos, desci pelo elevador de minha casa até ao quiosque em baixo. Deparei-me, como em outros incontáveis dias, com a Camy atrás do balcão (o ipselone ou i grego, confere uma conotação ao nome bem mais fidedigna com a personagem em causa, bem melhor que um simples "i"...). Naquele tempo, o concurso do Euromilhões conhecia ainda os seus primeiros sorteios. Por isso, a febre de apostas era bem alta e o concurso dominava os temas de conversa nos cafés e praças deste país, ou não vivessemos nós na "nação do dinheiro fácil e de menor esforço". Por conseguinte, seguindo-se ao triste fado do infortúnio por nunca se ser o felizardo do cobiçadíssimo prémio primeiro - como se este tivesse, obrigatoriamente(!), de sair a quem tem o simples acto de jogar - surgiu no quiosque o inevitável "tratado" sobre "o que faria eu se me saísse o euromilhões?". Pois bem, a dita Camy proferiu os seguintes escritos, que aqui se dão por integralmente reproduzidos: "Ai, a mim se me saísse, ia já uma semana pro Algarve!"... Ora bem... Como dizer isto de uma forma, digamos, simpática? O melhor que consigo, e o que me apraz dizer, é que consigo passar com relativa indiferença por horizontes manifestamente... curtos. É que nem está em causa o facto de não se conhecer o Algarve, por escassez de posses. Porque a referida personagem deste post até goza férias no Algarve quase todos anos com os seus, como estes (os seus) fazem bem questão de "informar a comunidade em boa voz". Talvez haja gente com hábitos enraízados, não sei. Sei, isso sim, que este "imperativo algarvio", juntamente com aquele sonho de "se me saísse o euromilhões, construia uma vivenda e montava um café por baixo para me ocupar", enxertam na contemplação do prémio milionário um rasgo de inegável genialidade...
Isto posto, é hora de revelar o meu próprio "tratado" sobre a matéria. Assim sendo, que faria eu se me saísse o Euromilhões? Assim de repente, penso que compraria uma casa em Praga. É, é isso mesmo, comprava um apartamento no centro de Praga. Gostava de ter a sorte de poder contemplar a Stare Mesto, ou centro histórico, sempre que me apetecesse. Gostava de "fazer parte" de um local a que já fui em 3 ocasiões. Tudo porque estou a falar-vos de uma cidade realmente inspiradora. Tenho a sorte de manter o contacto com a Simona e com a Ivana, amizades que advêm dos meus tempos de Erasmus. Ainda bem que a distância que nos separa se resume ao mero aspecto geográfico da coisa. Porque são amizades para a vida e porque assim fui o "feliz contemplado", tal como no Euromilhões, com a descoberta de Praga tutelada por duas locais. Fiquei, pois, a saber que Praga vai muito além do seu Castelo e do seu centro histórico. Praga é os seus pomposos jardins. Os seus acolhedores cafés afastados do centro. As suas conversas. É a forma como os seus habitantes valorizam uma chávena de café ou chá ao anoitecer. É uma cidade culturalmente instruída. E, com a devida modéstia, eu gostava muito de passar parte da minha vida assim... Na "Cidade das mil torres", tal como a Simona me disse.
Assim, caríssimas Simona e Ivana, só se eu morrer entretanto. Estou convicto que nos encontraremos novamente, na nossa "beautiful Praha"...

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