quinta-feira, 6 de novembro de 2008

YES, WE CAN!



No dia 27 de Maio do longínquo ano de 1987, via entrar em campo as equipas do Dinamo de Kiev e do Futebol Clube do Porto, a contar para a segunda mão da meia-final da Taça dos Campeões Europeus dessa época. Num Estádio Central em Kiev, de bancadas repletas de fardas e militares bolcheviques, a frieza geométrica de Valeri Lobanovsky, o "velho lobo", enfrentava o romantismo de bigode aparadinho de Artur Jorge, o "poeta", tendo em vista a presença na mítica Final de Viena. A equipa deste último, que contava nas suas fileiras com artífices como Gomes "Bibota", o inesquecível Paulo "2/3 piques" Futre, Lima Pereira ou André das Caxinas, abria o activo por Celso, de livre directo, logo no início da partida. Gomes elevaria a contenda para o 0-2, na sequência de um canto, ainda antes do minuto 10. Mikhailichenko ainda reduziria por banda dos ucranianos até que comecei a sentir a visão reduzida. Não, tal não ocorreu pelo eventual nevoeiro que se fez sentir. Simplesmente comecei a fechar os olhos porque estava a adormecer. E não se pense que adormeci em pleno Estádio Central em Kiev. Na verdade, eu nunca estive em Kiev, apenas observava o desafio no "Mundo Desportivo" da RTP Memória quando me refastelei no sofá, sensivelmente pela uma da manhã... Contudo, o resultado não viria a sofrer alterações. Juntando ao também 2-1 da primeira mão nas Antas, obra de Paulo Futre e André nos golos portistas, o FCP marcaria presença em Viena para a Final a disputar contra os bávaros de Munique. E o resto da história, já dela muito se conhece. "Yes, we can!", assim se entoou no relvado ucraniano, com sotaque do Montijo e das Caxinas (Cacsinaz, em inglês).

Duas horas depois (3:30 a.m.) veio o despertar e as projecções apontavam a vitória de Barack Obama, juntamente com as dores no pescoço e na região lombar advindas daquele adormecer no sofá. Meia-hora foi o tempo que mediou entre as meras projecções e a certeza do resultado. Barack Obama era eleito o 44º Presidente dos Estados Unidos da América, às 4 da manhã em Portugal Continental. O desfecho indicou uma vitória esmagadora na composição do Colégio Eleitoral. O "resgate" de Estados tradicionalmente republicanos constitui uma vitória política assinalável. Assim, também eu me alio às mensagens de regozijo da generalidade dos líderes mundias e digo que o povo americano, finalmente, acertou. É um marco da História contemporânea, a que assisti ao vivo, impulsionador do diálogo e do consenso no cenário internacional. Uma lufada de ar fresco, portanto, a combater flagelos de crise e de conflitos. Do discurso da vitória ficaria na retina um "Yes, we can!". Justifica-se. Foram dados novos mundos ao Mundo na madrugada de quarta-feira.

Concluindo, impera a máxima "Yes, we can!". Vou-me juntar ao momento e fazer jus a isso. Assim sendo, vou escolher novo tema e encarar com confiança os próximos desafios porque "Yes, i can"!

Vamos a isso.


Texto em homenagem ao Catedrático, o Professor Doutor ALESSANDRO DEL PIERO, a quem nós, A Páginas Tantas, também aplaudimos e de pé

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